quinta-feira, 9 de julho de 2009

Entrevista Penúltima Parte


Na penúltima parte das entrevistas. O jornalista, César Paranhos, entrevista, Juliana Evangelista, recursos humanos da Rede Tv. O jornalista, Luiz Carlos Lopes e a psicóloga e autora do livro: Meu Andar Sobre Rodas, Tatiana Rolim. Leia abaixo:




Repórter Sobre Rodas: A Rede TV têm portadores de necessidades especiais trabalhando atualmente na sua equipe, na área de comunicação, como por exemplo jornalismo?

Juliana Evangelista: Sim, nós temos 15 portadores de necessidades especiais, sendo seis da área de comunicação, aí têm o pessoal no jornalismo, têm o pessoal na parte técnica, na produção, aí eles estão misturados.

RSR: Qual as dificuldades que a Rede TV encontra para a contratação desses profissionais?

JE: A gente tem dificuldade quanto, a qualificação desses profissionais e principalmente ao acesso a região onde nós estamos localizados, porque essa região de Alphaville é longe, então isso dificulta também. Tem uma outra questão que é o fato deles não terem o DRT e o MTB, que aí dificulta ainda mais, porque a gente só contrata profissionais que estejam devidamente registradas nesses órgãos. Tem algumas atividades, várias, que a gente tem que restringir um pouco o perfil desse profissional, mas aí não entra na questão da deficiência em si.


RSR: A estrutura física que a Rede TV possui é adequada para receber esses profissionais?

JE: Na verdade nós temos uma restrição por conta da estrutura física atualmente, mas é algo que a gente está investindo bastante para melhorar. Nós sabemos que isso prejudica principalmente os cadeirantes, então a gente não consegue trazer esse profissional para trabalhar na Rede TV. A gente acredita que em um futuro próximo essa situação já esteja regularizada.

RSR: Dentro de quanto tempo, você acredita que a situação já vai estar melhor, bem encaminhada?

JE: Eu não consigo te passar um prazo. Porque, nós precisamos de aprovações. Mexer em estrutura física é uma coisa muito complicada, até porque envolve muito investimento e a Rede TV tem uma estrutura, que ela foi comprando espaços de empresas, enfim, então a gente está buscando adaptação nessas estruturas, nesses espaços hoje, mas o que eu sei, atualmente, eu não tenho tanto contato com a presidência, que autoriza esse tipo de investimento, mas isso é uma prioridade melhorar.




Repórter Sobre Rodas: Luiz Carlos Lopes, o espaço físico da empresa em que você trabalha atualmente, no caso a Ricardo Viveiros, é adequado para receber profissionais de comunicação com deficiência física, uma vez que você assim como, o repórter sobre rodas é cadeirante?

Luiz Carlos Lopes: Eu trabalho na empresa já há muitos anos, desde 1.993. Então, durante esse período as adaptações foram sendo feitas, para que eu pudesse ter um pouco mais de possibilidade de ir aos locais e de funcionalidade. Atualmente, já há cinco anos, eu trabalho para esta empresa, mas em um posto avançado na Universidade Federal de São Paulo- USP, então, eu estou em um outro ambiente também.

RSR: Têm mais pessoas com deficiência trabalhando na USP com você?

LCL: Aqui na assessoria não, mas na instituição, na universidade, há, inclusive docentes.

RSR: O fato de você ter paralisia infantil, te prejudica em algum momento para realizar os trabalhos da sua atividade profissional?

LCL: Claro, pensando na carreira como um todo, há algumas modalidades do jornalismo, por exemplo, em que eu teria um pouco mais de dificuldade para atuar. A área esportiva por exemplo, por ser um repórter de campo ou uma cobertura política, ou que você seja um setorista de congresso por exemplo, que você tenha que cobrir autoridades em deslocamento, crie tumulto, pré-coletivas, é, você teria algum tipo de dificuldade. Então, eu acho que o próprio profissional ele tem também que tentar usar sua inteligência para escolher campos que ele não tenha um grau de dificuldade locomotora dele, não vá atrapalhar o desempenho da função.

RSR: Você chegou a sofrer algum tipo de preconceito dentro da empresa em que você trabalha, no caso a Ricardo Viveiros, vinda de algum colega de trabalho seu?

LCL: Não. Nessa empresa nunca. Tem coisas muito veladas, tem coisas que você não pode assegurar, mas ouve um caso aqui na Ricardo Viveiros, mas não foi problema na empresa e sim com um cliente da empresa, e é até curioso, pois foi justamente um hospital que foi nosso cliente por um grande período, o Hospital São Luis e esse hospital eu fui responsável pela cota, e 15 dias depois, vou sempre pedindo reuniões, e aquilo não avançava. Mais tarde eu fiquei sabendo pelo meu chefe que na época a responsável pela área de marketing tinha solicitado a troca do atendimento porque entendia que eu não poderia acessar algumas dependências do hospital. Isto chegou até a ser ridículo, porque se eu não puder entrar de cadeira de rodas em um hospital.



Repórter Sobre Rodas: Como fico o psicológico de um profissional com deficiência, capacitado, que por muitas vezes não é contratado por causa da falta de estrutura física da empresa ou até mesmo sofre preconceito por parte dos colegas de trabalho?

Tatiana Rolim: Eu, acho que a resposta seria conforme a intensidade, algo para cada um avaliar. Isso seria um pai desempregado procurando por emprego, seria desqualificado por ter acima de dois filhos, ou uma idade superior, ou uma escolaridade não esperada, de repente essa incompatibilidade do perfil da vaga e acho que com os deficientes, também não é diferente, acontece muito. Sem dúvida que o psicológico e o lado emocional, ficam extremamente abalados com a questão de rejeição, e por outro lado pela questão da incompetência e o preconceito da pessoa, pensando que o profissional é incapaz de acessar certos departamentos, locais, então com certeza fica abalado sim.

RSR: O que você acha do campo da comunicação, jornalismo etc, para as pessoas com algum tipo de deficiência?

TR: Primeiro eu acho que tem que usar um linguajar adequado, como todo profissional tem que se atualizar, tem que se profissionalizar. Um exemplo disso é que hoje as pessoas com deficiências, pessoas portadoras de deficiências, é tido na nomenclatura nova de apenas pessoas com deficiências. Já veio aí de outras mudanças, aspecto cultural, aleijado, coitado, manco, portador de necessidades especiais, portador de deficiências e agora é simplesmente pessoa com deficiência. Isso tudo na verdade, repete que todo e qualquer profissional deve se atualizar, e eu fiz uma vez, uma matéria para uma revista e eles utilizaram lá um termo, se reabilitou da cintura pra cima, não é verdade, me reabilitei por inteiro, não da cintura para cima, eu sou uma mulher completa, tenho minhas dificuldades como qualquer outra pessoa com lesão medular, mas superadas e reabilitadas de uma forma integral. Então, é uma chamada pra que esses profissionais tenham uma qualificação. Recentemente houve uma mudança, as pessoas apresentavam as estatísticas e falavam, pelo menos 1.000 mortos, pelo menos 100.000 mortos, eu sei lá e isso dá uma noção que parece que a desgraça era pouca e até mudar essa colocação dos profissionais de comunicação, foi um bom tempo. Então, para mudar também essa questão da deficiência a pessoa tem que estar no mínimo qualificada pra saber do que se trata o assunto.

RSR: Agora falando sobre o seu livro, O Meu Andar Sobre Rodas, como foi a idéia de escrever esse livro?

TR: O livro ele foi publicado em 2.000, a primeira edição e agora em outubro do ano passado, foi publicada a segunda edição, trabalhando e pensando sem dúvida em uma terceira edição, acho que é uma continuidade. É o livro veio de resultados de palestras, de trabalho, tomado minha vida como modelo, pois antes do acidente eu desfilava, tive convite pra fazer propaganda, pra fazer desfile de passarela, todas essas coisas, mas isso mostrou minha história de vida, nas palestras as pessoas me perguntavam se eu tinha site e eu comecei a sentir que as pessoas queriam mais, só que eu sempre achava que eu não tinha uma história pra contar por conta de não lembrar de internação e essas coisas passaram a fazer um sentido em minha vida, que não foi o acidente, a minha vida é tudo que eu tenho conquistado durante todos esses anos e eu comecei a escrever o livro e de repente comecei a pensar o nome do livro, e o nome do livro, e quando eu estava fazendo uns capítulos surgiu à colocação e descobri dentro das minhas dificuldades que o meu andar agora era sobre rodas e foi e pronto, está aí no meu livro O Meu Andar Sobre Rodas, que fala da minha vida, é normal, sou normal, tenho as pernas tudo, mas ando sobre rodas e é com a cadeira eu vou onde quero, faço o que quero, viajo, trabalho, namoro, passeio e enfim, faço tudo.

RSR: Para quem ficou interessado pela história do seu livro e sua história, qual é o meio mais fácil de adquirir esse livro, qual a editora, informe o seu contato.

TR: Claro, eu vou passar o endereço do meu site: http://www.tatianarolim.com/

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