terça-feira, 30 de junho de 2009

Brasil, um país na terceira idade

Por: César Paranhos

Alimentação balanceada, aliada a prática de exercícios físicos garante, aos idosos uma terceira idade plena e saudável

A perspectiva de vida na terceira idade que, na década de 40 não ultrapassava os 40 anos, hoje em pleno século XXI, já alcança aos 65 e dentro de dez anos estará em 80 anos na média o tempo estimado de vida dos brasileiros.

Essa mudança considerada por muitos estudiosos como um fenômeno, na realidade aponta para duas vertentes consideráveis: a primeira que o mundo em um contexto geral está envelhecendo e dentro de pouco tempo teremos mais idosos que jovens no planeta. E a segunda que de alguma forma a qualidade de vida tem melhorado, é isso que a nutricionista, Flávia Azevedo, afirma em seus estudos.

“A população mesmo vivendo em cidades complicadas como no estado de São Paulo está mais atenta em relação ao seu bem-estar e tem se preocupado com fatores essenciais para manter a qualidade de vida como por exemplo o consumo de soja na alimentação, redução de carne vermelha em seu cardápio, diminuindo assim as toxinas em seu organismo e com isso alongando a sua perspectiva de vida na terceira idade.”

Segundo o IBGE, boa alimentação parece mesmo ser umas das principais “chaves” para uma vida mais ampla e saudável.

De acordo com o médico geriatra, Aristides de Souza Mendonça, uma refeição equilibrada na hora certa, aliada a pratica de exercícios físicos é fundamental para a qualidade de vida dos idosos. “Quando somos jovens não nos preocupamos muito com a nossa refeição, nem com horários, nem com que tipo de alimento estamos ingerindo devido ao acumulo de atividades diárias esses detalhes passam desapercebidos, porém com o passar dos anos o nosso organismo começa a sentir os efeitos causados por nossa desatenção. É importante prestar atenção no que se come desde jovem e procurar realizar uma alimentação regrada e completa, quanto mais colorido for o prato mais saudável será a refeição. Por isso na hora de se alimentar abuse no colorido na montagem do prato e alie sempre a prática moderada de exercícios, afinal vida sedentária e saúde não combinam.”

A aposentada, Ana Maria Figueiredo, 75 anos vegetariana faz caminhadas todas os domingos pela manhã no parque da Água Branca para manter a forma, diz que sua qualidade de vida mudou depois que abandonou a vida sedentária e o consumo de carnes. “Eu tinha uma vida sem graça, sem disposição para nada, abusava na comida e se não tivesse carne na mesa eu não comia. Exercício físico eu nem queria saber, minha vida se resumia em: comer, assistir televisão e dormir, até que um dia comecei a sentir cansaço e dores pelo corpo então, procurei um geriatra e ele me aconselhou a praticar caminhada. Hoje, já faz dez anos que venho a esse parque todos os domingos e há cinco substitui do meu cardápio a carne vermelha pela de soja e posso garantir a minha qualidade de vida mudou, tenho mais disposição, não sinto dores nem cansaço, estou no melhor de minha idade e muito feliz.”

Ainda segundo o Dr. Mendonça, um fator relevante colaborou para o crescimento da perspectiva de vida. A mudança da força de trabalho: “antigamente a força de trabalho era braçal, com muito desgaste físico o que acarretava sérios problemas de coluna dentre outros. Por isso, a perspectiva de vida não ultrapassava a faixa dos 40 anos, principalmente entre os homens. Atualmente a maioria dos trabalhos realizados pelo ser humano é de natureza intelectual, que certamente preserva mais a sua integridade física e prolonga seu tempo de vida.”

O caldeireiro aposentado, João Batista do Nascimento 78, concorda com o geriatra e vai mais além: “Quando eu trabalhava na caldeiraria o desgaste físico era enorme, por ser um serviço muito pesado. Hoje aposentado sinto em meu corpo, os efeitos causados pelos 50 anos de esforços dedicados a minha profissão.”

Para Azevedo a melhora na qualidade de vida, também se deve a divulgação que a mídia faz relacionado aos assuntos sobre saúde e a mudança de concepção das gerações atuais desse termo: “para nossos pais e avós comer em excesso era sinônimo de saúde, por essa razão sempre ouvimos frases como: veja que criança saudável simplesmente por ela estar gorda, no entanto gordura não significa ser sadio pelo contrário a obesidade é uma doença diretamente ligada a hábitos alimentares errados. Os meios de comunicação em geral têm abordado esse problema e a população descobriu que nós somos reflexos do que comemos, esse é o segredo para uma terceira idade plena de vitalidade.”

O IBGE constatou que, nas grandes metrópoles 27% dos idosos mantêm seus lares, ou, são responsáveis por cerca de 30% a 50% da renda bruta familiar. É o caso do vendedor de pipoca, José Malaquias dos Reis 60, que sustenta uma família com quatro pessoas. “Em casa somos quatro pessoas; minha mulher, dois netos que moram conosco e eu, só com a aposentadoria de R$ 500 seria impossível sobreviver. A esposa me ajuda fazendo”bicos”, mas se não saio para vender a situação em casa fica complicada. A cada dia estou em um lugar diferente. Aos finais de semana venho ao parque da Água Branca com meu carrinho de pipocas e durante a semana fico próximo a colégios e faculdades da região, afinal tenho quatro bocas para sustentar e não é fácil”.

O Brasil possui cerca de 15 milhões de idosos, vivendo em sua maioria concentrados entre os Estados do Rio de Janeiro, com 12,8% e Porto Alegre, com 11,8%. No Estado de São Paulo, segundo pesquisa realizada pelo Censo em 2000, a população de idosos pode chegar a 1 milhão.

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