sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Dificuldade das Empresas na Contratação


Apesar de muito se discutir a contratação de portadores de necessidades especiais, diversas empresas ainda não se encontram aptas a receber o profissional em questão, bem como muitos portadores não se encontram capacitados para atender as necessidades do mercado de trabalho.

A promoção da educação inclusiva, fundamentada no princípio da universalização do acesso à educação e na atenção à diversidade, requer uma filosofia de educação de qualidade para todos e vem atender a essa demanda. A Declaração de Salamanca[1], de junho de 1994, preconiza a educação inclusiva para todos, tenham ou não uma deficiência, favorecendo seu crescimento e os capacitando para o trabalho.

A educação inclusiva é uma questão de direitos humanos e implica na definição de políticas públicas, traduzindo nas ações institucionalmente planejadas, implementadas e avaliadas, facilitando assim, contratações para o mercado de trabalho.

Algumas empresas e de fato têm contratado, o surdo, o cego, o portador de paralisia infantil, dentre outros. O profissional que usa cadeiras normalmente trabalha em empresas de telemarketing como operador de atendimento, independente de sua formação. Mesmo nessas empresas a adaptação ainda não é favorável, pois os mesmos utilizam baias iguais aos demais funcionários, dificultando sua postura física para o trabalho, banheiro adaptado a uma longa distância da área, descoberta para transição o que, em tempos de chuva se torna inviável sua permanência na empresa.

De acordo com STODDARD apud PASTORE, (2000), as limitações são encaradas como um problema individual, e que pouco podem ser aliviadas, através de uma efetiva participação social. Grande parte dos portadores de deficiência apresenta limitações superáveis diante de pequenas acomodações no local de trabalho, apesar disso a maioria continua com menos chance de trabalhar, quando trabalham ganham menos e apresentam uma enorme segurança no emprego.

A questão da reintegração da pessoa deficiente no mercado de trabalho não é um problema das empresas, mas das pessoas. Ao ser habilitada/reabilitada para o mercado de trabalho, essa mão-de-obra poderá ser aceita pelo mercado, desde que seja aprovada nos testes de seleção.

A Lei de Cotas obriga empresas a contratarem pessoas com deficiência e, se não for cumprida acarreta multa. Porém, as companhias esbarram no desafio de incluir no ambiente de trabalho pessoas que precisam superar barreiras, citadas anteriormente, como baixo nível de escolaridade, entre outros fatores.

Apesar dos esforços, muitas estão com dificuldades para desenvolver projetos de admissão bem estruturados, que supram as exigências da Lei de Cotas. As empresas esbarram nas discriminações do passado quando os deficientes eram excluídos, com freqüência, pela própria família, do ensino com qualidade e principalmente do convívio social.

Quando a empresa cresce aumenta a oferta de emprego; mais empregos menos desempregados, melhores condições sociais, melhor qualidade da força de trabalho e mão-de-obra mais qualificada melhoram a produtividade; a empresa cresce mais e o ciclo, então fecha. O PIB (Produto Interno Bruto) do país aumenta e o governo arrecadará mais imposto e investirá em educação, saúde, transporte, justiça, segurança.

A questão da reintegração da pessoa deficiente no mercado de trabalho é mais uma questão de reeducação e profissionalização, administradas por entidades de formação profissional. Devendo essas entidades colocar no mercado de trabalho profissionais hábeis e capazes de realizar as tarefas necessárias aos empregadores. Entidades como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) já fazem certos trabalhos de habilitação aos portadores de deficiência, como as oficinas de marcenaria, jardinagem, entre outros, mas pouco rendoso e com pouca qualificação para o mercado de trabalho. Mas 50% das entidades desconhecem a norma NBR/9050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, que padroniza a adequação das edificações e do mobiliário urbano à pessoa deficiente.

Observa-se ainda que, até grandes empresas da área de comunicação alegam estar em fase de adaptação, e esse profissional terá que aguardar um pouco mais para sua contratação.
Segundo, Denise Almeida, funcionária do setor de Recursos Humanos do grupo Estado de S. Paulo, há diversos portadores de necessidades especiais atuando em distintas áreas profissionais, mas com relação sobre ao usuário de cadeira de rodas, o mesmo ainda não faz parte do quadro de funcionários por falta de adaptação física.[2]

Para o apresentador do Grupo Bandeirantes de Comunicação, Otávio Mesquita, as estruturas físicas das principais empresas de comunicação por serem antigas não oferecem acessos adequados, principalmente aos cadeirantes, o que tende a melhorar em novas construções[3].

[1] DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, apud: Acesso 31.Out.2008.
[2] Entrevista concedida aos autores em 24.jul.2008.
[3] Entrevista concedida aos autores em 03.jul.2008.

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