terça-feira, 11 de agosto de 2009

O que é “o Diferente”?

Diz a Bíblia Sagrada: “Somos todos iguais perante os olhos de Deus”. Esse ensinamento não é seguido pela humanidade, pois em pleno século XXI, ainda vivemos com o preconceito.
O Dicionário “Aurélio” define o diferente como: que não é igual; que difere; desigual; modificado.[1]

Logo, ao analisar com atenção os significados atribuídos ao termo, nota-se que não há sentido pejorativo em nenhum deles. De acordo com estas definições, pode-se encarar o diferente apenas como algo que não é igual.

“A diversidade também guarda em si a possibilidade da anulação do outro, quando se agrega ao conceito de diferente a valoração de melhor/ pior, inferior/ superior”, afirma o Conselho Estadual de Educação de São Paulo, na Deliberação CEE nº 46/05.
A referida Deliberação também cita o lado positivo do diferente:

“A possibilidade da construção de conceitos cada vez mais complexos se faz pela comparação constante das semelhanças e diferenças; o emocional se fortalece, a identidade se constrói, os mecanismos de comunicação se aceleram”.[2]
Já MOREIRA, comenta que Freud[3], afirmou que o diferente é entendido como uma falha inadmissível na cultura narcísica da violência, ou seja, se tal coisa não condiz com a forma de pensar narcísica (paixão por si mesmo). Para ele, o diferente varia de pessoa para pessoa. O que é diferente para uns, pode ser absolutamente normal e aceitável para outros.

Para Skliar, pesquisador da área da educação da Faculdade Latino-americana na Argentina, para aceitar o diferente, sem que haja preconceito, é necessário separar rigorosamente, a “questão do outro”, que é uma questão filosófica, da “obsessão pelo outro”, que é uma questão política.

“Pensar que as mudanças se fazem e se resolvem exclusivamente a partir dos ministérios, secretarias ou universidades é uma falácia. O mesmo sistema — político, cultural e educacional — que exclui não pode propor a inclusão. A não ser que seja para continuar controlando aos indivíduos” é importante não pensar as mudanças em termos de reformas que se compram e se vendem, como textos ou leis que “nos deixam isolados, sem atuação no processo.[4]

Skliar faz parte da corrente que pensa na diferença simplesmente como uma diferença, nem pior nem melhor.

A frase “Ninguém é igual a ninguém” pode ser considerada de conhecimento popular e reflete a verdade parcial, mas vaga, por não exaltar a importância do diferente.
Para Vázquez, “A essência não se manifesta de maneira direta e imediata através de sua aparência, e que a prática cotidiana — longe de mostrá-la de modo transparente — o que faz é ocultá-la”.[5]

De acordo com a jornalista da rede Globo, Mariana Godoy, as deficiências de ordem motora e visual em nenhum momento interferem no exercício da profissão, seja ela jornalismo, radialismo ou qualquer outra área referente à comunicação, uma vez que, com o uso do bom senso e respeitando as suas limitações físicas, todo profissional com formação e capacitação está apto ao mercado de trabalho. Uma vez que, segundo a própria jornalista, esses profissionais não encontram mais obstáculos do que os já encontrados para o convívio junto à sociedade em seu dia-a-dia.[6]

[1]FERREIRA, A.B.F. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 2. ed. São Paulo: Nova Fronteira, 1.986
[2] SÃO PAULO. Deliberação CEE n. 46/05 de 31.mar.2.005. Acesso 14.Maio.2.008
[3]FREUD, Sigmund. Apud MOREIRA, Leliane M. A. Gliosce Artigo: Psicanálise de crianças: de que estamos falando? <> Acesso 16.Maio.2.008.
[4] SKLIAR, Carlos. As Armadilhas de um Sistema de Exclusão. Artigo disponível em: Acesso em 23.set.2008
[5] VÁZQUEZ, A. S. Filosofia da práxis. (L. F. Cardoso, trad.) Rio de Janeiro: Paz e Terra (trabalho original publicado em 1967), 1986.
[6] Entrevista concedida aos autores em 12 de maio de 2008.

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